A colheita da soja já está prestes a começar em algumas regiões do centro-oeste do Brasil. Se confirmada a projeção da Conab, haverá crescimento de 7,3% na produção totalizando 102,4 milhões de toneladas da oleaginosa. As consultorias privadas alertam que, no caso da confirmação de safra recorde, vai haver congestionamento na entrega do grão e falta de armazéns. Essa combinação pode gerar uma cena inédita, mas que não é motivo para comemoração: A armazenagem de soja a céu aberto.
“O Brasil plantou mais cedo esse ano e esperamos uma colheita nessas primeiras semanas de janeiro até o meio de fevereiro de mais ou menos 50 milhões de toneladas. Fato histórico que vai acabar congestionando os armazéns e obrigar o produtor a fazer um planejamento para não deixar parte da soja a céu aberto ou ter que colocar em silo-bolsa, fato que normalmente para a soja não acontece”, explica o analista de mercado, Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
A competição por armazéns deve ser mais acirrada, concorda o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Endrigo Dalcin. No entanto, ele não espera cenas de soja guardadas ao relento para 2017.
“Com certeza, se a colheita de milho vier do tamanho que estamos estimando, em certo momento as safras de soja e milho vão competir nos armazéns. No entanto, acredito que em soja não ocorrerá isso [armazenagem a céu aberto] pois temos 47% vendidos da próxima safra. Mesmo que a gente tenha em torno de 25% da colheita concentrada em janeiro”, enfatiza.
A Brandalizze Consulting chama atenção para a previsão de estrangulamento nos portos brasileiros, com a concentração da safra.
“Nossos portos estão preparados para embarcar pouco mais de 10 milhões de toneladas por mês. E como nos vamos colher em dois meses cerca de 80 milhões de toneladas, vamos precisar de armazéns e silos-bolsa. É certo que vamos ter esse congestionamento porque nossa capacidade de embarque é muito pequena ainda e precisaríamos aumentar a capacidade dos portos para escoar mais cedo”, diz Vlamir Brandalizze.
Câmbio
A França Jr. Consultoria projeta viés de alta para o dólar, com perspectiva de forte atuação do BC para conter subida da moeda.
“Diferentemente de 2014 e 2015 quando o câmbio foi o principal elemento que trouxe renda no setor de commodities no Brasil, a partir de agora o grande fluxo de dólares que vem em direção ao país, com a retomada da reorganização da economia brasileira e queda da inflação, o dólar só não está mais baixo por dois grandes elementos, a eleição norte-americana e a taxa de juros americana que segue muito forte. O viés do cambio é de alta, está mais para R$ 3,50 do que para R$ 3. A questão é que o BC vai trabalhar para manter essa taxa abaixo de 3,50”, explica o consultor Flávio França Jr.