A união faz a força, já dizia o velho ditado, seguido à risca por sojicultores de Mato Grosso, que para variar, não estão recebendo a ajuda do Estado nesta tarefa
Daniel Popov, de São Paulo
Cansados de esperar pela iniciativa pública, sojicultores da região médio-norte de Mato Grosso resolveram colocar dinheiro do próprio bolso para a construção de uma estrada adequada para escoar suas safras. A obra em questão, é o asfaltamento de 66 quilômetros darodovia estadual MT-388 que separa os municípios de Campos de Júlio e Nova Lacerda.
Ao todo foram gastos, entre projetos e asfaltamento, mais de R$ 25 milhões, para a construção de 33 quilômetros. A iniciativa partiu da Associação dos Produtores da 388, que até então contava com a parceria, mesmo que só no papel, do governo do Estado. “Cumprimos a nossa parte, investimos, construímos e agora estamos esperando o governo cumprir a dele e asfaltar os outros 33 quilômetros que faltam”, conta o presidente da entidade e produtor rural Alfredo Tomé.
A situação inicial dessa rodovia era precária e estava sendo mantida, em parte pela Prefeitura de Campos de Júlio, lembrou Tomé. De acordo com o autor da audiência pública na época, o trecho que precisava ser pavimentado era de 93 quilômetros, partindo de Campos de Júlio a Nova Lacerda, mas como não haveria essa possibilidade partindo apenas do Governo do estado, ficou determinada a parceria para 66 km de Campos de Júlio até a usina sucroalcooleira da cidade, esse que é um trecho fundamental para escoação da produção de soja, milho, algodão e álcool produzido na região.
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Tomé relembra também que durante o período das chuvas, caminhões e carretas costumavam ficar parados em alguns dos principais trechos da MT-388, em função dos atoleiros. Máquinas da Prefeitura ficavam dias em função dos trechos mais prejudicados. “Acidentes sempre foram uma constante, assim como elevados foram os prejuízos contabilizados por caminhoneiros e outros usuários dessa estrada”, diz ele.
Agora, com os primeiros 33 quilômetros construídos, com 100% da verba vinda dos produtores, as cobranças recaem sobre o governo do estado. Segundo Tomé, com a mudança recente do governador as conversas para a conclusão da estrada esfriaram muito e voltaram ao ponto zero. “O novo governo disse que voltará a conversar conosco sobre a estrada, mas pediram um novo estudo sobre isso”, conta Tomé. “Gastamos mais R$ 450 mil para este novo estudo e estamos esperando um resposta que só deve acontecer depois das eleições para prefeito, pelo jeito.”
Segundo um dos agricultores de Campos de Julio (MT), Tiago Comiram, que participa dos pagamentos e de todo o processo, sem esta estrada a ampliação da atual safra do município de 700 mil toneladas fica comprometida. “Essa rodovia pronta reduzirá os custos com transporte para nós”, garante ele. “Esta é uma parceria firmada entre os agricultores e o governo do Estado e eles não estão cumprindo sua parte.”