É impressionante a quantidade de vezes que se vê a Cruz Missioneira como símbolo de empresas e de atividades em toda a região.
A Cruz Missioneira foi trazida pelos Padres Jesuítas para as terras da América. Foi esculpida pelos índios em pedra de arenito e está atualmente junto ao Patrimônio Cultural da Humanidade de São Miguel das Missões. Do mesmo modelo há uma cruz de madeira na redução de San Ignácio Guazú - Paraguai em um de seus altares do período reducional.
Hoje é o símbolo maior de toda a Região Missioneira, territorialidade dos 30 Povos do Brasil, Argentina e Paraguai, sendo a cruz o símbolo máximo da Bandeira da Nação Missioneira criada em 2012. Nos trevos e entradas principais das cidades ligadas as Missões dos três países podem ser vistas cópias em concreto, o que demonstra o símbolo como união da grande região das Missões.
Desde 1993 vimos estudando a origem européia da Cruz Missioneira e no final do ano 2003, exatamente entre os dias 14 a 20 de dezembro, estivemos na Espanha, local de onde vieram os Jesuítas para a nossa Região, mais especificamente estivemos na Província de Múrcia na Cidade de Caravaca de la Cruz, pois todos os documentos e pesquisas mostravam que deste local originava-se a Cruz.
Descobriu-se que na lista dos Jesuítas que vieram para os 30 Povos, 21 padres. Eram da Província de Múrcia e destes 4 eram da Cidade de Caravaca de la Cruz, Francisco Robles, Martín López, Antonio Martinez Espinosa e Francisco Lardín. Destes o mais relevante foi o Padre Francisco José Robles que veio para nosso território dos 30 Povos em 1680, trabalhando mais de 40 anos entre os Guaranis, chegando a ser vice-superior das reduções.
A Cruz de Caravaca é exatamente do mesmo formato da nossa Cruz Missioneira, porém, em algumas vezes se apresenta com anjos, inscrições como o INRI, com o cristo crucificado ou mesmo com pedras preciosas; porém sempre mantendo o mesmo desenho básico que conhecemos.
A origem da Cruz, conforme lenda existente em toda a Espanha, se deu no ano de 1232, no dia 3 de maio, quando o território estava em mãos dos mouros, comandado por Sayid Almohade de Valencia, Abu-Zeit; muçulmano que escravizou os cristãos da região; entre estes estava o sacerdote Ginés Pérez de Chirinos.
O Rei mouro queria presenciar a realização de uma missa, pois não sabia como isto era feito. Foram buscados os ornamentos em terras cristãs e o padre começou a celebrar o ato litúrgico. Aos poucos o sacerdote se deu conta que não poderia continuar, visto que faltava o símbolo maior do cristianismo, uma cruz.
Neste momento, pela janela da sala entram dois anjos transportando uma cruz que depositaram no altar e assim pode continuar a missa.
Ante ao milagre o Rei e toda sua corte se batizaram, transformando-se de muçulmanos em cristãos.
Desde aquela época a Cruz passou a receber milhares de peregrinos. Já no ano de 1570 os Jesuítas estavam neste local com seu colégio e Igreja, sendo estes os principais difusores da Relíquia na Europa e América.
Por causa dos milagres e suas repercussões Caravaca de la Cruz é reconhecida como uma das 5 cidades santas do mundo pela Igreja Católica, junto com Roma, Jerusalém, Santiago de Compostela e Santo Toríbio. Nestes locais, ocorre o perdão dos pecados, também chamados de indulgência plenária.
Sempre chamaremos a nossa cruz de ‘Cruz Missioneira’, o que ocorreu a partir de 2005 foi o irmanamento entre Caravaca de la Cruz e São Miguel das Missões, visando a divulgação da história e de ambos os produtos turísticos na América e na Europa; também se busca intercâmbio tecnológico e científico para as comunidades junto às universidades de ambas as Regiões.
Fonte: José Roberto de Oliveira