Entre as 82 toneladas de fertilizantes falsificados apreendidos na operação NPK, 32 toneladas estavam em propriedade de São Nicolau. Conforme o Ministério Público, o comprador não sabia que o produto era falsificado. Ele havia comprado o veneno de um revendedor de São Luiz Gonzaga, que também foi alvo da operação. Na residência do empresário, foram ainda apreendidos um caminhão e uma carreta, além de galões de veneno.
A ação prosseguirá nos próximos dias, desta vez para localizar compradores lesados ? já previamente detectados. Foram apreendidas cinco armas e munição. Uma pessoa foi presa em flagrante por porte ilegal de arma, em São Nicolau.
Agricultores são vítimas
O coordenador do Gaeco - Região Metropolitana e Taquari, Reginaldo Freitas da Silva, explicou que as indústrias cujas embalagens eram falsificadas não estão envolvidas na fraude. "A mistura era tanta que algumas amostras sequer tinham níveis aferíveis de nitrogênio, potássio e cálcio", frisou.
Segundo ele, os grupos criminosos transformavam, a partir da adição de calcário, ureia e até mesmo restos de telhas e lajotas, uma tonelada de adubo em três. ?Foram feitos sacos em gráficas e falsificadas etiquetas com a classificação do produto e data de validade. O produtor comprava o adubo acreditando que havia a qualidade prometida, mas era muito inferior. Os agricultores são vítimas no processo?, enfatizou.
O Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal, Luciano Vaccaro, reiterou a importância do trabalho interinstitucional para o combate ao crime organizado no Estado. Como a venda é sazonal em virtude das culturas de verão como trigo, soja, milho e fumo (60% da comercialização ocorre entre julho e novembro), "a operação ocorreu para evitar que o produto fraudado chegasse ao comércio e, consequentemente, aos produtores rurais", lembrou Vaccaro.
O Coordenador do Siscrim, Diego Rosito de Vilas, frisou que "além dos danos aos agricultores e ao agronegócio, há um prejuízo direto ao erário em razão da sonegação de tributos, que será analisada em um segundo momento das investigações". A Chefe da Divisão de Defesa da Superintendência Federal do Ministério Agricultura, Ana Stepan, afirmou que "os produtores que fraudam os fertilizantes estão diretamente afetando a população, porque se tem uma redução da oferta de alimentos".
A Operação foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - Núcleo Região Metropolitana e Taquari e o Sistema Integrado de Investigação Criminal (Siscrim), com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Brigada Militar em 27 cidades - 25 no RS, uma no Paraná e outra em Santa Catarina.