Mais de mil pessoas participaram de protesto onten dia 23 em Santo Ângelo
Não pedimos esmola, saúde é direito', foi a frase que mais resume o protesto que ocorreu onten (23) em Santo Ângelo. A mobilização foi realizada em várias cidades gaúchas, a partir de iniciativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).
Na capital das Missões, o público esperado era de 500 pessoas, porém ultrapassou de mil, conforme os organizadores. Com faixas pretas, cartazes com várias frases de protesto, o grupo, composto por agricultores familiares e outras entidades sindicais de 23 municípios, deu o recado: a saúde é assunto sério.
A mobilização iniciou por volta das 9h30min, em frente à Catedral Angelopolitana. Concentrados, os protestantes ouviram pronunciamentos de autoridades. Depois, o grupo seguiu pelas ruas centrais da cidade. Primeiro, passou em frente ao Hospital de Santo Ângelo. A próxima parada foi a sede do INSS.
Previdência também é saúde
Uma das paradas foi em frente à sede do INSS. Ali, líderes sindicais discursaram sobre a importância de discutir o assunto. A classe trabalhadora rural teme a retirada de direitos, em especial o aumento da idade para a aposentadoria.
Salete Ketzer, que representou a comissão de mulheres, discursou sobre o assunto. "Um agricultor não tem condição de trabalhar com mais de 60 anos, nossa lida começa muito cedo e é muito difícil", explica.
Ela acredita que o tema está diretamente ligado à saúde. "Não vamos aceitar leis formuladas em gabinete, de pessoas que não conhecem nossa realidade", justifica. O grupo deixou claro que manifestações e ocupações irão ocorrer, caso sejam confirmadas as mudanças na previdência social.
Na sede da 12° CRS
Órgão que corre o risco de fechar, a 12° Coordenadoria Regional de Saúde foi o ponto central da manifestação. Os manifestantes foram recebidos pelo coordenador regional de Saúde, Antônio Sartori. O presidente da Regional Missões II, Agnaldo Barcelos, entregou ao coordenador um documento da Fetag com as principais reivindicações. "Esperamos que seja entregue ao governador Sartori", destaca. No local, várias lideranças discursaram. Todos enfatizaram a importância de priorizar a saúde, que precisa de mais recursos.
Hospital de São Luiz Gonzaga como referência
Várias foram as referências ao hospital, que atende à 12 municípios das Missões. O atrasado dos recursos, na ordem de R$ 541 mil, é suprido de forma emergencial com apoio da comunidade regional. Até alimentos a população doa, já que não existe dinheiro para as necessidades básicas.
Desde o início de 2016, os quase 200 funcionários não sabem o que é receber o salário em dia. "A mobilização de todos é muito importante, precisamos lutar juntos, a saúde é para todos", comenta Iria Diedrich, diretora do hospital.
Sem anúncios
Havia a expectativa de que Sartori pudesse anunciar recursos para os hospitais, o que não ocorreu. Pela manhã, a Fetag recebeu informações sobre repasses de recursos, mas nada foi confirmado. O coordenador explicou que o governo está fazendo o possível para manter os pagamentos em dias. "Não temos recursos", repetiu o discurso já conhecido.
Crise como desculpa
Para o diretor da Fetag, Rafael Dallenogare Paz, a crise não pode ser a eterna justificativa. "Sabemos que existe falta de recurso, mas a crise não pode ser a desculpa para sucatear ainda mais a educação", afirma.
De forma geral, Rafael avalia como positiva a mobilização. "O público foi superado, a participação foi muito boa, agora esperamos respostas", destaca. Caso a situação não melhor, outros protestos irão ocorrer. O protesto foi finalizado às 12h05min com o canto do hino rio-grandense.