A volatilidade tomou conta dos negócios com a soja na Bolsa de Chicago e, apesar do fechamento positivo nesta sexta-feira (5), com altas de mais de 14 pontos entre os principais vencimentos, no balanço da semana, as baixas no mercado internacional superaram os 2%. Dessa forma, o mercado brasileiro acumulou mais uma semana de ritmo lento e poucos negócios, segundo relataram analistas e consultores.
"Se o produtor brasileiro fizer, neste momento, suas relação de custo da fazenda, câmbio e Chicago ele não irá encontrar valores que o motivem a fazer novas vendas. E já temos de 22% a 25% da nova safra vendida, o que mostra também que, agora, o produtor não teria a motivação que teve há alguns meses, quando contavacom valores melhores", explica Mário Mariano, analista de mercado da Novo Rumo Corretora.
Para o restante de soja da safra 2015/16, a situação é semelhante, porém, com um volume bem menor ainda a ser comercializado. A baixa disponibilidade de oferta frente à força da demanda, que é grande também internamente, tem sido um dos pilares de sustentação das cotações ao lado dos prêmios, que seguem ainda bastante firmes e elevados, se aproximando de US$ 2,00 nos portos e de US$ 3,00 sobre Chicago no interior do país.
Entretanto, um dos maiores entraves para a formação dos preços da soja brasileira, em contrapartida, é a situação do câmbio. Com as notícias que chegam do mercado financeiro global e da cena política nacional, o dólar cedeu mais de 2,2% na semana e fechou com R$ 3,1691, seu menor nível desde 16 de julho de 2015, segundo informou a Reuters.
"O mercado engrenou em um movimento de baixa (do dólar) e não quer soltar. Todas as casas estão vendo muito fluxo e parece que isso não vai passar tão cedo", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato em entrevista à agência de notícias.
E foi nesse quadro que os preços da soja no interior do Brasil perderam de 1,27% - em Avaré/SP - a 5,63% em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra/MT na última semana, de acordo com o levantamento do economista André Bittencourt Lopes, do Notícias Agrícolas. A exceção foram as praças de Assis/SP, com alta de 2,66%, e São Gabriel do Oeste/MS, com ganho de 0,69%.
Dessa forma, as referências das principais praças de comercialização fecharam a semana valendo entre R$ 64,67 e R$ 80,00 por saca. Para o consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, os preços da soja brasileira poderiam encontrar espaço para uma recuperação nos meses de outubro a dezembro, quando a demanda interna poderia ficar ainda mais aquecida - principalmente em regiões onde o parque industrial é mais forte - e a safra norte-americana já tendo sendo concluída.