Quatro vereadores de Sapiranga, município da Região Metropolitana de Porto Alegre, foram afastados dos cargos por suspeita de corrupção ativa e passiva. Conforme o delegado Fernando Pires Branco, a ação criminosa ocorreu durante a eleição da Mesa Diretora em 2018 para a Presidência da Câmara de Vereadores em 2019. Foram afastados os vereadores Alessandro Vargas de Melo (PP), Cesino Nunes de Carvalho (PP) – conhecido como Dula, Leonardo Braga (PSDB) e Valmir Pegoraro (PDT).
A Câmara emitiu uma nota informando que recebeu, na manhã de quinta (18), a Notificação Judicial para o afastamento dos parlamentares. "Informamos que na tarde de hoje [quinta] foi feita a entrega das portarias de afastamento nos gabinetes. O chamamento dos vereadores suplentes Jossara Rocha Cardoso (PP), Rubem Encarnação dos Santos (PP), Marcos André Harff (PDT) e Álvaro Luiz Schonardie (DEM) será realizado na sexta-feira (19)", dizia a nota.
O G1 ligou para a Câmara de Vereadores e tentou contato com os assessores dos parlamentares afastados, mas o expediente começa somente à tarde. A reportagem enviou e-mails para os vereadores e aguarda retorno. Conforme o delegado, o parlamentar Alessandro Melo tentava se eleger presidente da Câmara.
Com os votos que ele tinha, não conseguiria ganhar a eleição. Então, Melo e os vereadores Valmir e Cesino fizeram uma vaquinha para comprar o voto de um outro vereador, Leonardo Braga. Ficou combinado que eles jogariam um envelope com R$ 10 mil no pátio da casa de Braga e ele votaria em Melo para a presidência. "Os três vereadores fizeram uma vaquinha para comprar o voto.
Um tempo depois, o Braga se arrependeu e queria devolver o dinheiro, estava sofrendo pressão política para não votar em Melo, mas os vereadores não aceitaram a devolução", explica o delegado. Segundo Fernando, o vereador acabou não votando em Melo e ele não se elegeu presidente da Câmara. Descoberta do esquema O delegado contou que há cerca de um mês, o vereador Melo havia sido preso em flagrante por posse irregular de arma e comércio irregular de arma.
A polícia pediu então à Justiça para ter acesso ao conteúdo do celular do parlamentar. "A Justiça autorizou e acessamos o conteúdo de conversas. Achamos mensagens trocadas entre os vereadores em que falavam sobre o esquema", conta o delegado. Fernando contou que pediu também a prisão dos vereadores, mas o pedido foi negado pela Justiça, que aceitou apenas o afastamento dos parlamentares. Eles ficarão afastados dos cargos enquanto durar o processo penal.