Após o anúncio de mais um parcelamento de salários de servidores do governo do Rio Grande do Sul na quinta-feira (28), funcionários reclamam da instabilidade e das dificuldades para conseguir pagar as contas. Nesta sexta-feira (29) deve ser depositada a primeira parcela de R$ 650.
Esta foi a sexta vez consecutiva em que servidores do executivo tiveram os salários parcelados. O governo gaúcho acredita que só conseguirá pagar integralmente a folha até o dia 19 de agosto.
Um policial militar que não quis se identificar afirma que os parcelamentos tem deixado sua vida de cabeça para baixo. “Não pode te programar para nada, tem conta de água, de luz para pagar no final do mês, mas tu não sabe se vai receber. Tem que atirar para cima para fazer sorteio, o que tu pegar na mão, tu paga”, lamenta.
Além das dificuldades financeiras, os servidores públicos afirmam que estão desmotivados por conta da situação. Tanto que um outro policial pediu aposentadoria.
“Estou procurando a reserva. A falta de incentivo, a falta de condições de trabalho, a falta de respeito com os profissionais. Amanhã (sexta) R$ 650 de salário. Vou fazer o que com isso? O banco vai pegar, porque já devo do mês passado”, diz.
O agente penitenciário Marcos Corrêa diz que os problemas com o pagamento do salário são um duro golpe na dignidade dos servidores públicos. “A questão salarial vem como uma pá de terra na tua dignidade financeira. Quando que isso vai se resolver? Quando o servidor do executivo vai parar de pagar a conta sozinho?”, se pergunta.
O governo gaúcho alega que o parcelamento ocorre por conta da redução de repasses de recursos do governo federal, queda na arrecadação, e também por conta dos R$ 45 milhões desembolsados para o pagamento do reajuste salarial retroativo de servidores da Justiça, Ministério Público, Tribunal de Conta, Defensoria Pública e Assembleia Legislativa.
O governo gaúcho tentou barrar o reajuste na Justiça, mas o pedido foi negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por conta da situação, o governo afirma que está longe de encontrar uma solução, conforme afirma o secretário da Fazenda Giovani Feltes.
“Enquanto continuarmos nesse quadro recessivo, seguramente não teremos solução nenhuma. Todas as medidas que nós tomamos são de resultado insuficiente para fazer frente. E existem problemas estruturais do estado do Rio Grande do Sul, e nós temos enfrentados esses problemas”, afirma Feltes.