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Amigos organizam protesto contra a morte de adolescente que desapareceu a caminho da escola
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Publicado em 31/03/2019
Uma manifestação para o próximo domingo (7) está sendo organizada nas redes sociais por amigos e conhecidos de Mariana Eduarda Zambom, 15 anos, no município de Catuípe, na Região das Missões. A frase "Lute como uma garota", usada no chamado para o ato, surgiu nas redes sociais e virou um dos bordões mais populares entre feministas — ela também faz referência ao livro de mesmo título que reúne o perfil de mulheres que provocaram grandes transformações na sociedade. 


O corpo da estudante foi encontrado no sábado (30), na localidade de Santa Terezinha, em uma área de mata. Um cobertor foi encontrado ao lado do cadáver. A vítima tinha uma marca no pescoço, que indica possível morte por asfixia. A polícia verifica se ela sofreu violência sexual.


— Não é fácil, isso aí cai o céu, não tem nem como falar — desabafou o pai da estudante, Everaldo Zambom, 48 anos, depois do sepultamento, ocorrido na manhã deste domingo (31). 


O principal suspeito está hospitalizado desde a tarde de sexta-feira (29), quando foi socorrido com um corte na garganta e outro no peito. Ele era motorista do transporte escolar usado pela estudante. A polícia suspeita que ele tentou o suicídio depois de matar a jovem. O homem teve prisão temporária decretada.


Definida por amigos como alegre, extrovertida, de sorriso lindo e sempre disposta a ajudar a todos, Maria Eduarda saiu de casa, na localidade de Boa Vista, na manhã da sexta-feira (29). A estudante morava com a mãe, o padrasto e uma irmã mais nova. Ela embarcou no carro particular do homem. 


A suspeita é de que ele teria dito que o ônibus usado para o transporte teria estragado. A jovem cursava a 9ª série na Escola Estadual de Ensino Fundamental Eusebio de Queiros, distante apenas seis quilômetros de sua casa. Ela não chegou à escola. A família acionou a polícia à tarde, já que Maria Eduarda deveria ter retornado por volta das 13h. O corpo foi achado no sábado.


Uma garota de sorriso fácil, sempre feliz, descreve amiga


Maria Eduarda frequentava aos sábados culto católico. Uma amiga, de 16 anos, relembrou:


— Todos os sábados, a gente se encontrava pra ir no culto. Ficávamos a tarde inteira juntas. Ela tinha um brilho nos olhos. Sempre dando risada. Sempre dando os melhores conselhos. Sempre alegre. Não tem palavras suficientes para descrevê-la. Você depois que vê ela ali no caixão se toca que nunca mais vai poder ver ela, sentir o abraço, o carinho, olhar pro sorriso dela, ouvir a voz dela. Não tem como explicar a sensação de perder uma pessoa tão especial. Eu sei que ela está bem lá em cima, pois está no lado de Deus.


A estudante de Pedagogia Carolina Bertoldo dos Santos, 18 anos, também participa da organização do ato em protesto pela morte de Maria Eduarda:


— Não tem quem não se sensibilize com isso, pois poderia ser qualquer uma de nós. Uma adolescente com um futuro, sonhos, objetivos, propósitos, tudo isso ser destruído de uma maneira tão cruel e brutal.


Investigação sobre a conduta do motorista


O delegado Gustavo Arais, que pediu a prisão do suspeito, deve começar a ouvir nesta segunda-feira (1º) familiares e amigos de Maria Eduarda. Com outros estudantes, o delegado vai tentar verificar como era a conduta do motorista de transporte escolar suspeito do crime. Arais solicitou uma série de perícias, entre elas, a que pode verificar se havia material genético do suspeito sob as unhas da vítima.


O delegado tem prazo de 30 dias para concluir o inquérito, prorrogáveis por mais 30, por se tratar de crime hediondo. Inicialmente, conforme Arais, o suspeito deve ser indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver. Se a perícia confirmar violência sexual, também responderá por estupro.  


Segundo a polícia, o transporte escolar usado pela adolescente era um serviço oferecido pelo município por meio de uma empresa terceirizada. O suspeito atuava como motorista de ônibus havia cerca de 20 anos e era bastante conhecido entre estudantes e as famílias. Ele tinha antecedentes por ameaça e contravenção por conta do porte de uma faca, considerada arma branca. A reportagem de GaúchaZH tenta contato com o prefeito de Catuípe, Joelson Baroni, desde sábado (30), mas ainda não obteve retorno. 

Fonte: Gaúcha ZH

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