Na tarde de terça-feira (26), uma situação inusitada mobilizou as forças de segurança de Imbé, no Litoral Norte. O prefeito, Pierre Emerim da Rosa, não encontrou um médico na unidade básica de saúde do Centro da cidade e decidiu chamar a polícia.
O médico concursado deveria estar trabalhando no setor de atendimento 24 horas do posto de saúde, que estava lotado. O regime de trabalho do profissional é de seis dias de folga após 24 horas de trabalho. Segundo o secretário de Saúde, Tierres da Rosa, o médico é concursado há mais de 10 anos e tem remuneração, em média, de R$ 10 mil mensais, com carga horária de 24 horas semanais.
O prefeito recebeu uma denúncia de que ele não estaria trabalhando, mesmo com a alta demanda no posto, e foi até o local verificar. Comprovando, chamou a Brigada Militar e a Polícia Civil.
— Recebemos uma denúncia de que o médico teria abandonado o plantão, inclusive reiteradas vezes. Conversei com o responsável pelo posto e confirmei que este servidor tinha abandonado o serviço, mesmo o posto estando lotado. Considerei como uma transgressão administrativa — contou o prefeito Pierre Emerim.
Segundo a prefeitura, funcionários e pacientes já comentavam sobre a má conduta do médico, como sair no meio do horário de trabalho, dormir, fumar dentro do posto e ler revistas em horário de lotação na unidade de saúde. Algumas pessoas já tinham, inclusive, feito registro de ocorrência policial, conforme a Polícia Civil.
O médico retornou à unidade de atendimento depois que as forças policiais haviam chegado ao local e alegou que tinha ido buscar uma ficha de atendimento para justificar uma falta em outro dia. O prefeito, no entanto, entendeu que, como o profissional tem seis dias de folga na semana, poderia ter se envolvido em outros compromissos em outra data. Pierre Emerim anunciou a suspensão do profissional enquanto correr o processo administrativo disciplinar que vai investigar o caso. O processo pode levar a advertência, suspensão ou demissão.
O delegado Antônio Carlos Ractz afirma que, a partir do processo administrativo, deverá abrir inquérito para investigar o caso. O objetivo é identificar se a má conduta pode ter agravado a situação de saúde de algum paciente.
— Nos postos, há dois clínicos gerais e, muitas vezes, um precisa acompanhar a ambulância para outro local. Se este médico sai, o posto fica sem clínico geral. Também vou analisar se a situação de ele bater o ponto e não trabalhar era algo recorrente, já que também pode configurar infração — disse o delegado.
Dentre os crimes que serão investigados, estão falsidade ideológica (por bater o ponto e se ausentar do local de trabalho) e omissão de socorro.
O nome do médico não foi divulgado porque o processo de apuração do caso está em andamento. A reportagem tenta contato com o profissional.
Fonte: Gaúcha ZH