Um ex-policial civil foi condenado pelo Tribunal de Júri a 30 anos de prisão pela morte da esposa, há 11 anos, em São Luiz Gonzaga, no Noroeste do Rio Grande do Sul. A sentença saiu no último dia 20, e foi divulgada pelo Tribunal de Justiça nesta terça-feira (26). Milton da Silva Abadi não poderá recorrer em liberdade.
Ele nega ter intenção de matar, e a defesa entrou com recurso para tentar reverter a condenação. Conforme a denúncia, Abadi matou esposa, Graciela Magalhães Ramborger, no dia 14 de dezembro de 2008, com um tiro no peito, depois de uma briga de casal em um parque da cidade. Ele teria ficado irritado porque a companheira recebeu um telefonema. Testemunhas disseram que o casal iniciou uma briga, e Baldi obrigou a vítima, com uso de força física, a entrar no carro e ir para casa com ele, onde ela foi baleada.
Os jurados consideraram que o ex-policial teve a intenção de matá-la, por motivo fútil – caracterizado pelo ciúme – e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Autor da sentença, o juiz Thiago Dias da Cunha afirmou que o fato foi praticado dentro da residência, local onde vítima esperaria estar em segurança. O magistrado citou também agravantes, como o fato do crime ter sido cometido contra a cônjuge e em contexto de violência doméstica contra ela. Também foi registrado que houve a violação de dever inerente a cargo público, já que a arma era da Polícia Civil e estava com o réu para proteger a sociedade, e não para matar uma inocente.
Testemunhas que prestaram depoimento afirmaram que havia um histórico de agressões e ameaças por parte do acusado contra a vítima. Recurso da defesa Abadi sustenta que o tiro foi acidental, e que não houve briga, conforme seu advogado, Itaguaci Meirelles Corrêa. A defesa diz que já entrou com recurso para anulação da sentença e realização de um novo júri. "Caso não seja possível, [pediremos] a correção da pena, que é desmesurada e sem nenhuma sustentação jurídica", afirma o advogado.
Meirelles ainda afirma que espera o julgamento de recurso pedindo para declarar o juiz não apto a realizar o julgamento, que foi rejeitado pela comarca. E também tenta obter a liberdade de Abadi com um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal de Justiça do RS.Abadi foi exonerado da Polícia Civil após o crime. Ele ficou preso, inicialmente, entre 2008 e 2009. No ano passado, foi preso novamente, por suspeita de tentar influenciar os jurados, o que a defesa nega.