Em Santa Rosa, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, uma UTI que custou cerca de R$ 2,5 milhões para os cofres da prefeitura e do estado, foi concluída há dois anos, mas nunca recebeu pacientes. Os equipamentos importados e modernos nunca foram usados na unidade do Hospital Dom Bosco.
O problema se arrasta há dois anos. O impasse tem como causa elementos bem conhecidos: falta de recursos e burocracia. “São equipamentos de última geração, muito importantes para a vida das pessoas, que estão aqui parados aguardando a credencial”, diz o presidente do Hospital Dom Bosco, Milton Dummel.
Para abrir a UTI, o hospital precisa de R$ 300 mil por mês para manter o funcionamento. Dinheiro que a administração diz que não tem. Só depois de ter equipe contratada é que a UTI pode se credenciar junto ao Ministério da Saúde e passar a receber recursos federais.
“Hoje é impossível você contratar uma equipe de 40, 50 funcionários entre médicos, enfermeiros e técnicos, para aguardar esse prazo para daí sim ser credenciado”, detalha o Dummel.
Segundo a direção da instituição, falta dinheiro em caixa, porque o governo do estado atrasa os repasses e o pagamento que faz não cobre os custos. Como quem administra as vagas é a Central de Leitos, esses 10 espaços individuais serviriam pra qualquer paciente que precisasse de tratamento intensivo no estado.
De modo geral, quase todas as pessoas atendidas em UTIs são pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e o tratamento em unidades como essa custam caro. Por isso, o credenciamento no Ministério da Saúde é fundamental.
No entanto, para o Hospital Dom Bosco, é uma realidade ainda muito distante dos pacientes. “Superlotou outros hospitais, em Santa Rosa, Ijuí, Santa Maria e Passo Fundo. Pode ir aqui ter tratamentos melhores, com médicos especializados”, reclama o contador Arisson João Pinheiro. “Quanta gente tem que sair pra longe, né?”, continua o aposentado Getúlio Pinheiro.
O secretário da Saúde do estado, João Gabbardo dos Reis, negou que haja atraso nos repasses ao Hospital Dom Bosco. Mas disse que não existe a possibilidade de ter uma verba extra para abrir a UTI. A saída, segundo ele, seria um acordo entre o governo, a prefeitura e o hospital.
“Não tem alternativa, tem que habilitar, contratar as pessoas e funcionar. A prefeitura de Santa Rosa já se dispôs a antecipar os primeiros 30 dias para o hospital, porque o hospital vai contratar as pessoas e vai pagar os salários ao final de 30 dias. A prefeitura já se dispôs a fazer esse pagamento, antecipar, e o estado está se propondo a agilizar a habilitação junto ao Ministério da Saúde. No que essa UTI começar a funcionar, nós vamos encaminhar esse processo a Brasília, o município de Santa Rosa antecipa os primeiros 30 dias, e nós vamos fazer todo o esforço para habilitar o mais rápido possivel junto ao Ministério da Saúde. Essa é a única alternativa que existe”, sustentou.
A Prefeitura de Santa Rosa disse que poderá colocar recursos, mas só depois do credenciamento do Ministério da Saúde.
Fonte: G1