Desde 2009, quando a pandemia do H1N1 matou mais de 2 mil pessoas no Brasil, o país não registrava um número tão alto de vítimas pelo vírus. Em 2016, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana, 886 pessoas faleceram por H1N1. (veja o gráfico abaixo com os registros desde 2009)
De acordo com o médico Caio Rosenthal, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o vírus chegou “antes do previsto” e pegou todo mundo desprevenido, sem anticorpos.“Como a epidemia veio antes do esperado, a população vulnerável, ou seja, sem vacina, estava desprotegida”.
“Assim que a vacina começou a ser distribuída, os casos reduziram consideravelmente. Então, só posso imaginar que era uma população que estava sem anticorpo natural e vacinado”, completou Rosenthal.
A antecipação da temporada de gripe no Brasil foi atípica, segundo especialistas. “O esperado seria ter o pico de casos no mês de julho. O que está acontecendo neste momento [em abril] é uma antecipação de circulação do H1N1”, disse a pediatra Lucia Bricks, diretora médica de Influenza na América Latina da Sanofi Pasteur.
Especialistas discutem várias hipóteses que podem explicar a antecipação da chegada do vírus, que vão desde fatores climáticos até o aumento de viagens internacionais que podem ter trazido o H1N1 que circulava no hemisfério norte. Não há uma explicação definitiva para a chegada precoce do vírus.
Ao todo, foram notificados 4.581 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza A/H1N1 em 2016. A SRAG é uma complicação da gripe. Em 2015, foram 141 casos de SRAG, em 2014, 465 casos e em 2013, 3.733 casos.
A pandemia de 2009
O registro de 2.060 mortes no Brasil em 2009 ocorreu quando a vacina ainda estava em desenvolvimento. Ela passou a ser aplicada em 2010, quando o governo brasileiro anunciou que iria imunizar 92 milhões de pessoas.
Em 2013, o Brasil também registrou outro pico da epidemia: foram 768 mortes.
O termo pandemia, a que se refere os registros da doença em 2009, é utilizado quando uma epidemia se espalaha ao redor do mundo.
A gripe A, causada pelo vírus H1N1, vitimou 18,5 mil pessoas entre abril de 2009 e agosto de 2010. Um estudo da época publicado pelarevista médica “The Lancet Infectious Diseases" mostra que a pandemia foi mais mortal do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) acreditava - o número de mortes foi até 30 vezes maior e que tenha ficado entre 151,7 mil e 575,4 mil.
O sudeste asiático e a África sofreram 59% de todos os óbitos atribuídos ao H1N1 - as regiões abrigam 38% da população mundial.
Número de mortes por H1N1 por estado em 2016
São Paulo: 402
Rio Grande do Sul: 105
Paraná: 72
Goiás: 46
Rio de Janeiro: 42
Santa Catarina: 28
Mato Grosso do Sul: 33
Espírito Santo: 26
Minas Gerais: 23
Bahia: 19
Pará: 21
Pernambuco: 14
Distrito Federal: 12
Paraíba: 9
Ceará: 8
Mato Grosso: 6
Rio Grande do Norte: 7
Alagoas: 5
Amapá: 4
Amazonas: 2
Maranhão: 1