O prefeito do pequeno município de Silveira Martins, na Região Central do Rio Grande do Sul, decidiu cortar o salário do vice-prefeito que deixou de aparecer para trabalhar na prefeitura.
Os dois são do mesmo partido, mas o chefe do Executivo garante que isso não interfere em suas decisões. "O prefeito é a pessoa mais próxima perante a população. Então, no meu governo, eu não vou virar corrupto para favorecer amigos, pra ninguém. Só isso, amizade é amizade, certo é certo e errado é errado", afirma o prefeito Fernando Cordero (PMDB).
O vice-prefeito Júlio Pigatto (PMDB) chegou a ser secretário de Infraestrutura, mas trabalhou por apenas 10 dias. Depois disso, se afastou da administração municipal.
Ele recebia um salário de R$ 4,9 mil por mês, e entrou até mesmo na Justiça para tentar reverter a decisão do prefeito, mas acabou perdendo. Por telefone, o vice-prefeito disse que não vai mais recorrer da decisão judicial e preferiu não gravar entrevista.
O assunto não sai das rodas de conversa dos cerca de 2,5 mil habitantes do município de Silveira Martins. "Se ele não está trabalhando, o prefeito não é obrigado a pagar. Eu acho isso, porque se nós não trabalhamos, também não comemos e não recebemos", avalia a dona de casa Leonilda Santana da Conceição.
O salário do vice está sendo depositado em uma conta do município e já soma quase R$ 47 mil. O prefeito ainda não definiu onde o valor vai ser investido. "Tem prefeitos ligando para ver como foi feito esse processo, o que aconteceu e me surpreendeu a quantidade de municípios que tem esse problema e ninguém nunca tomou uma atitude dessas", conta Cordero.
Apesar da polêmica, os dois políticos não estão brigados. Em março, o vice assumiu a prefeitura por 10 dias, durante as férias do prefeito, e recebeu normalmente pelos dias trabalhados.