Com o bloco cirúrgico do hospital de Cerro Largo, no Noroeste do Rio Grande do Sul, fechado, as gestantes que moram na cidade têm viajado cerca de 60 km até Santo Angêlo, na mesma região, em busca de atendimento.
Há seis meses, a comunidade se uniu e conseguiu arrecadar R$ 800 mil para reformar o local, que foi interditado pelo Ministério Público. A reforma foi feita há meio ano, mas mesmo assim, o espaço nunca foi usado.
Ao menos 50 gestantes estão sem saber onde vão ter seus filhos. "Muita insegurança, não saber onde vou ter meu filho. Se é aqui, se em Santo Ângelo", diz a manicure Fabiane Schneider.
A Associação Hospitalar de Caridade Serro Azul faz mais de 60% dos atendimentos pelo SUS. O centro cirúrgico foi reformado há seis meses, mas desde então não recebeu nenhum paciente.
Antes da reforma eram feitos cerca de quatro procedimentos por semana no local. Hoje as salas estão prontas e com equipamentos novos. O investimento foi de R$ 800 mil, com dinheiro arrecadado pela comunidade com rifas, almoços e eventos.
O hospital, que é referência no SUS para quatro cidades da Região Noroeste, começou a reforma depois que o Ministério Público deu prazo de oito meses para que a instituição resolvesse os problemas que já eram apontados há anos pela Vigilância Sanitária.
Enquanto isso, o local precisou ficar fechado. "Existem coisas que são básicas, rotineiras e corriqueiras de qualquer hospital, desde a colocação de depósito pra álcool gel para as pessoas higienizarem as mãos, até coisas bastante complicadas como um plano de controle de infecção hospitalar", explica o promotor André Luís Duarte.
Até a última vistoria, feita em dezembro do ano passado, o hospital tinha cumprido apenas quatro das 13 exigências. Só depois de tudo regularizado, o bloco vai poder reabrir e receber pacientes. A direção do hospital diz que o bloco está pronto.
O que falta agora são adequações na cozinha do hospital. Eles também querem melhorar a farmácia e a estrutura do pronto-atendimento.
No entanto, o problema maior, segundo eles, é outro: a falta de médicos. "Este é o fator imediato, que está demorando um pouco, para que o hospital possa prestar o serviço de obstetrícia pelo SUS, 24 horas por dia, assim como manda a legislação vigente", diz o gerente administrativo do hospital, Ademir Hartmann.
