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Sindicato da indústria de carnes no RS relata queda na procura no varejo
Publicado em 21/03/2017 18:01
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Apesar de não haver números exatos sobre o impacto da operação Carne Fraca no varejo gaúcho, conforme estimativa do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), foi registrada queda nas vendas logo no sábado (18), dia seguinte à ação deflagrada em diversos estados brasileiros.

Já os açougues que trabalham com carne in natura, proveniente de pequenos produtores, relataram aumento do movimento no fim de semana.

“Houve pouca procura de carne em supermercados, e obviamente as encomendas para o dia seguinte diminuíram”, afirma o diretor-executivo do Sicadergs, Zilmar Mousalle, ao G1 logo após reunião para avaliar os impactos do escândalo que veio à tona na sexta-feira (17).

A operação deflagrada no Paraná foi a maior já realizada pela Polícia Federal, com a participação de mais de 1 mil agentes, e investigou um esquema de liberação de carne imprópria para o consumo humano, envolvendo executivos das indústrias e servidores públicos.

No Rio Grande do Sul, foram cumpridos um mandado de condução coercitiva e um de prisão nas cidades de Gramado e Bento Gonçalves, na Serra, mas os alvos das ordens judiciais não foram localizados.

As pessoas que não entendem, que não são do meio, acharam que era o fim do mundo, que tinha carne com papelão, mas não era nada disso"
Zilmar Mousalle, diretor-executivo do Sicadergs

Ainda na sexta-feira, a superintendência do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul informou que nenhum auditor fiscal ou agente de vigilância sanitária do ministério está entre as pessoas citadas na operação Carne Fraca.

Mousalle reclamou da forma como foram divulgadas as informações sobre a operaçãoPor conta disso, ele diz que já esperava a retração no consumo.

“A gente já esperava a retração imediata, porque as notícias causaram pânico na população. As pessoas que não entendem, que não são do meio, acharam que era o fim do mundo, que tinha carne com papelão, mas não era nada disso”, argumenta, citando que apenas duas amostras haviam demonstrado problemas no produto vendido à população, além do movimento do governo para amenizar os impactos da operação.

Apesar do fim de semana ruim para o varejista e para os produtores, o representante do sindicato acredita que, já nesta quarta-feira (22), o cenário deve mudar. “O estouro foi grande, mas a nuvem vai passar”, finaliza.

Mercado Público de Porto Alegre (Foto: Ricardo Giusti/PMPA)Mercado Público de Porto Alegre (Foto: Ricardo Giusti/PMPA)

Açougues com variação de movimento
Enquanto o produtor que trabalha com grandes marcas sentiu os efeitos da operação, sete dos nove açougues localizados no Mercado Público de Porto Alegre consultados pelo G1, se dividiram entre movimento acima do esperado - em dois casos -, e queda nas vendas - nos cinco restantes.

A explicação para o bom movimento seria a origem da carne, in natura (com a carcaça inteira), que vem principalmente de produtores menores, já conhecidos do público gaúcho, conforme relataram comerciantes de dois açougues do Mercado Público da capital.

“Teve um efeito positivo, movimento mais acentuado, 15% a 20% acima do que era esperado”, afirma o gerente da Casa de Carnes Santo Ângelo, Rafael Sartori. Além do saldo positivo, segundo ele, o dia (sábado, 18) foi de muita brincadeira.

“O pessoal perguntava e fazia brincadeiras: ‘me vê uma carne sem papelão’. Mas muita gente tem perguntado sobre a procedência. Só hoje (segunda), foram umas 10 pessoas. Mas não trabalhamos com as marcas envolvidas nisso, só com carne in natura, com carcaças, que são desossadas aqui no açougue, e o pessoal sabe disso”, justifica Sartori.

Já a queda nas vendas relatada por cinco dos açougues consultados foi atribuída tanto aos efeitos da operação da PF, quanto ao período de fim de mês, quando normalmente diminuem as vendas.

Outros dois açougues consultados pelo G1, que ficam em bairros da cidade, relataram movimento dentro do normal.

Churrascarias dentro do normal
Nas churrascarias consultadas pelo G1, o movimento foi normal ou acima do esperado, conforme relataram funcionários e sócios dos estabelecimentos.

“Esse negócio da carne aconteceu só no Paraná, então não houve problemas para nós. Principalmente ontem (domingo, 19), tivemos a casa lotada. Não houve nenhum tipo de comentário ou piadas. Se fosse aqui no Rio Grande do Sul, acho que teria uma repercussão maior”, conta o gerente da churrascaria Freio de Ouro, Valmir Angelo Gomes.

A mesma situação foi relatada por representantes de churrascarias tradicionais como 35 CGT e Na Brasa, que informaram movimento dentro do esperado no último fim de semana, após a operação ser deflagrada.

Operação Carne Fraca (Foto: Arte/G1)
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