Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga uma suposta fraude envolvendo três lotes de uma medicação de combate ao câncer. A suspeita é que o medicamento Sutent 50mg, do fabricante Pfizer, tenha sido falsificado, e que lotes apresentando três códigos não sejam autênticos: 985EE; 986EE e 987EE.
Nesta sexta-feira (23), o delegado Rafael Liedtke, da Delegacia do Consumidor (Decon), instaurou inquérito para apurar eventual crime contra as relações de consumo e contra a saúde pública. Segundo ele, a suspeita surgiu depois que pacientes perceberam algumas falhas e denunciaram.
"Se viu uma falsificação grosseira no produto. A bula é um xerox, tem erro de português na embalagem, então aparentemente é falsificação mesmo", detalhou ao G1.
O medicamento Sutent 50mg é fornecido a pacientes em tratamento contra o câncer por planos de saúde e pelo SUS. No entanto, de acordo com o delegado, ainda não é possível saber o alcance da suposta fraude.
"A preocupação principal é essa, a gente teme que haja esse medicamento nos hospitais gaúchos, e por enquanto a gente não consegue saber o alcance disso", explicou.
Conforme a promotora Caroline Vaz, coordenadora do Centro de Apoio de Defesa do Consumidor, a Pfizer, uma empresa farmacêutica multinacional, já informou que não produziu lotes do medicamento com aquela numeração. "Foi questionado à fabricante que já disse que aqueles lotes não existem", afirmou.
"O alerta é importante porque as pessoas podem estar tomando um remédio que não tenha efeito nenhum", frisa a promotora.
As instituições orientam a quem tenha comprado a medicação Sutent 50mg de algum dos três lotes investigados que procurem a Secretaria Estadual da Saúde. É necessário que os produtos sejam entregues para perícia.
A Secretaria Estadual da Saúde fica na Avenida Ipiranga, n° 6113. O horário de atendimento é das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira.
Por meio de nota, a Pfitzer diz que os lotes investigados não foram comercializados no país, e que está à disposição das autoridades e apoiando as investigações. Leia na íntegra:
Em relação a lotes de produto de origem desconhecida em embalagens falsificadas do medicamento Sutent 50mg (malato de sunitinibe), produto indicado para o tratamento de câncer de estômago e intestino, câncer metastático renal e câncer de pâncreas, a Pfizer esclarece:
A Pfizer foi contatada por paciente e pela Unimed após relato sobre suspeitas de alteração da coloração das cápsulas do produto Sutent 50mg (malato de sunitinibe) e ausência de efeitos adversos previstos em bula.
Os lotes que estão sendo investigados pela Polícia Civil Gaúcha (985EE, 986EE e 987EE) não foram comercializados pela Pfizer Brasil.
A companhia está à disposição e apoiando as investigações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), COVISA e das Polícias Civil e Federal.
Mais do que um crime hediondo e contra a propriedade intelectual, a falsificação de medicamentos é uma atividade que coloca em risco a saúde das pessoas, não só pela falta de eficácia desses produtos, mas também pela possível ocorrência de efeitos adversos desconhecidos e/ou intoxicação.
Medicamentos clandestinos podem apresentar ineficácia terapêutica e, em alguns casos, levar ao agravamento dos sintomas e progressão da doença em tratamento, já que o paciente deixa de receber a medicação adequada.
A Pfizer toma todas as medidas possíveis para evitar a falsificação de seus medicamentos, seguindo normas nacionais e internacionais de embalagens, como por exemplo, a presença do selo de segurança e tinta reativa na embalagem secundária.
Apesar de todos os esforços, é importante que os pacientes, profissionais de saúde e parceiros fiquem atentos a qualquer alteração que encontrem nas embalagens dos medicamentos, ou mesmo nos produtos, contatando as autoridades sempre que tiverem dúvidas.
A companhia está à disposição das autoridades, pacientes e parceiros por meio do telefone 0800- 7701-575.
Fonte:G1